sexta-feira, 25 de outubro de 2013

se você não quiser agradar ninguém, já estará agradando
humor não se faz. ele é quem nos faz

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

arte é o que cada um vê como tal. 
se é alguma coisa que levanta você do chão, é arte.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

 Parei num daqueles restaurantes de beira de estrada, que a gente pode chamar de espelunca. Olhei para balcão de vidro e pedi uma coxinha. O balconista pegou a coxinha, deus uns tapinhas nela, tirando um pó amarelado e disse: “Isso não é coxinha não, moço. É ovo.”
No balcão também tinham umas salsichas em conserva, que pareciam se mexer dentro do vidro. Pedi então uma porção de macarrão e uma pinga, pra matar qualquer germe que tivesse ali. Junto com o macarrão veio um prato com umas manchas esquisitas.
“Quequé isso aqui no prato, moço?”.
“É desenho”, ele respondeu.
“Então deve ser desenho animado, porque está mexendo”, concluí.
Tomei só a pinga - pra esquecer - e pedi a conta. O balconista então fez a soma das despesas, rabiscando com o dedo a gordura que havia no fundo de um prato.
Antes de sair, tomei o cuidado de lavar muito bem as mãos com um pouco daquela pinga.
Fui fazer um exame de laboratório chamado espermograma.  
A moça me levou até uma salinha e disse: “Você deve  ejacular dentro desse potinho. E quando acabar, é só apertar essa campainha.”
Pensei: como é que eu vou acertar esse potinho, se normalmente eu não acerto nem a privada?
Na salinha, tinha umas revistas de mulher pelada pra gente se inspirar.
Comecei a folhear e vi que as melhores páginas estavam coladas.
Foi uma prova de que ninguém acerta mesmo o tal potinho.

Aparências

O mundo das aparências é muito interessante. Um paletó na cadeira de trabalho pode significar que a pessoa já chegou. Mas se o paletó ficar por mais de um dia lá, pode significar que a pessoa faz tempo que não chega.
Se você quer ler jornal no trabalho e teme que isso seja visto como falta de assunto ou perda de tempo, a sacada é ler de pé, com o jornal apoiado sobre a mesa, como se você, ao passar por ali, tivesse visto uma notícias dessas fundamentais para a sobrevivência da empresa. Faça um ar de gerúndio.
E se quiser dormir um pouco depois daquela feijoada, prepare a desculpa antes fechar os olhos com o rosto colado na mesa de trabalho. Assim, quando você acordar e o chefe estiver passando por ali, a rapidez da sua justificativa pode até colar. Diga que os índios também identificavam tremor de terra com os ouvidos no chão.  Sei lá. Mas seja criativo e não titubeie. Se você conseguir que o chefe também encoste a cabeça dele na mesa, tome muito cuidado para que não seja em cima da sua baba.
Dona Matilde é a minha vizinha do 86. 

Viúva do Coronel Peixoto, ela se viu muito sozinha sem ele. Sentiu uma profunda dor no peito, que depois foi para o cotovelo direito, desceu para o pé esquerdo, subiu para as partes e não parou mais de andar.

Duas vezes por semana, Dona Matilde vai a um especialista. Chega horas antes da consulta marcada. Lê todas as revistas do consultório, toma vários cafezinhos, puxa conversa com quem chega e não admite ser passada na frente de ninguém.

Quem vê aquela senhora tão elegante, tão bem arrumada, perfumada e saltitante logo imagina que o seu tratamento vai indo muito bem. O detalhe é que ela jamais entrou numa consulta.
_Delete.
_Você quer mesmo deletar esse documento?
_Sim.
_O canal até a lixeira pode não ser seguro. Você quer utilizar esse canal mesmo assim?
_Sim.
_Deseja responder "sim para todos"?
_Sim. Para todos.
_Quer ser perguntado da próxima vez?
_Não.
_É altamente recomendável que você diga sim.
_SIM.
_Recomendamos que o seu computador seja reinicializado.
_?
_O SEU COMPUTADOR ESTÁ SENDO DESLIGADO.
Tem dias que sou louco. Tem outros que sou bom.
Tem dias que sou poucos. Tem outros, multidão.
Sou múltiplo, sou vários. Sou todos e sou ninguém.
Sou um pensamento fugaz, a eternidade e além.
Já fui à escola. Já passei cola.
Já joguei bola. Entrei de sola.
E tudo isso só pra rimar.
Brasileiro gosta de uma fila. Acha que tudo que é muito fácil não tem valor. 
A gente pega fila até sem saber por quê. O negócio é garantir um lugar. Vai que é bom...
A fila é um grupo virtual que tem por objetivo se desfazer o quanto antes. Mesmo que a gente se afeiçoe aos nossos colegas de fila. 

O fura-fila é aquele cara que pára pra conversar com a pessoa da sua frente e acaba passando você e o resto da fila na conversa. Pode ser que ele seja o último a ser atendido e você será, literalmente, passado pra trás.


Quanto maior é a fila, mais o seu lugar está valendo. 
Tem gente que ganha a vida guardando lugar em filas. Leva cadeirinha, colchonete e até fogãozinho. Depois vende o lugar e compra outra cadeirinha, pro filho também entrar na profissão.

Duro é pegar a fila errada. Quando chega a nossa vez a gente descobre que perdeu três horas à toa. Aprendendo a conjugar o verbo filar.

Filou um cigarro. Filou uma bolacha. Filou o caderno de esportes do jornal do vizinho. Filou um carteado. 

Sempre entra uma gestante na nossa frente. Sem barriga nem nada. 
Fila da mãe!
Enquanto escrevo, escuto a vizinha de cima andando com seu chinelo plástico. 
Todas as noites ela faz isso. 
Agora  ela vai até a geladeira, pegar um copo de Coca-Cola. Quando volta, ouço o barulho do copo de vidro sendo deixado no chão. 
Logo em seguida vem o arroto.
Pule sete ondinhas. Se estiver em boa companhia, pule mais, até que as ondas comecem a pular vocês.

O meu nenê chora muuuuuito. Os vizinhos reclamam. 
Os do quarteirão debaixo.

Pode ser fome, arroto entalado, pum enrustido, o número um ou número dois, pode ser frio, calor, tédio, carência, cansaço, tanta coisa... E quando a gente descobre uma causa, ele já pode estar chorando por outra.

A vizinha disse que tem uma técnica infalível pro bebê parar de chorar. 
A gente tem que enrolar o garoto num cobertorzinho bem apertado, chiar no ouvido dele e balançar o corpo.  
Eu só não entendi se a boca do bebê deve ficar dentro ou fora desse embrulho.
Agora, a noite é uma criança.

ACABADA

Você viu a minha sandália?
Acho que está bem embaixo do meu travesseiro.
E a minha calcinha?
Não sei. Acho que você tirou na varanda.
Estou acabada. E como é bom a gente se sentir assim.
a luz no fim do túnel é a do trem
Num resort de panelas e pratos sujos, duas baratas fazem amor e nem notam minha presença onipotente.
Devo aniquilar um casal de amantes, envenenando-os sobre a pia da cozinha?
Descontarei neles a raiva pelo meu próprio desleixo? 
Ensandecido, dou- lhes um jato de inseticida. Outro. E mais outro. 
No dia seguinte, os insetos ainda se arrastam, até receberem a vassourada de misericórdia

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

_ Se estivéssemos só nós dois, passeando numa praia deserta de uma ilha do caribe, você transaria comigo no mar?
_ Como é?
_ Se estivéssemos andando de mãos dadas por uma praia deserta, depois de termos bebido duas garrafas de champanhe, eu com um vestido branco colado ao corpo e você sem camisa e sem sapatos, nós dois iluminados por aquele sol de final de tarde...
_ Dá pra você ser mais mais objetiva?
_ Por quê você nunca mais beijou o meu pescoço?


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SIMPATIAS

No REveillon não se deve comer aves, porque ciscam pra trás. 
Romã é bom, porque degustar cada carocinho daqueles distrai. Especialmente quando se chega horas antes na praia, pra guardar lugar na areia.
Usar branco é bom, porque se a gente cair no mar de bêbado é mais fácil de achar o corpo, de preferência ainda vivo.
As mulheres gostam de usar calcinha amarela.  Ajuda a contrastar com o bronze, que elas fazem questão de pegar antes da virada. 
Lentilha dá sorte. É a garantia de que você só vai comer coisas melhores ao longo do ano.
Nunca beba nenhuma garrafa de champanhe deixada pra Iemanjá. No dia seguinte elas farão a festa dos garis. 
Pule sete ondinhas. E se estiver em boa companhia, pule mais, até que as ondas comecem a pular vocês. 
não importa o que vejamos
porque realidade não é 
vemos o que vemos
conforme a nossa fé
vemos e não sabemos
que o que vemos não é
pra nós é a verdade
e se é assim, assim é